O projeto, lançado em formato de podcast, mostra alguns dos principais momentos da história do Brasil sob a ótica dos africanos e seus descendentes.
O projeto querino é um projeto jornalístico brasileiro, lançado em 6 de agosto de 2022, como um podcast produzido pela Rádio Novelo e uma série de publicações na revista piauí. A iniciativa é inspirada no “1619 Project”, criado pela jornalista norte-americana Nikole Hannah-Jones e lançado pela “The New York Times Magazine”, do jornal The New York Times, em 2019.
São mais de 40 profissionais envolvidos no projeto querino. A partir das pesquisas documentais, bibliográficas, em áudio e imagens, foram feitas dezenas de entrevistas que resultaram no podcast (inicialmente foram publicados 8 episódios) e na série de publicações na piauí, que envolveu reportagens, ensaios fotográficos e uma história em quadrinhos.
O nome do projeto é uma homenagem ao intelectual, jornalista, professor e abolicionista Manoel Raimundo Querino (1851-1923) que, em 1918, publicou “O colono preto como fator da civilização brasileira”. A obra retrata o protagonismo dos africanos e dos afrodescendentes na formação do Brasil.
O projeto já foi tema de artigos e reportagens nos principais jornais brasileiros — Folha de São Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo — e também no “The Guardian”. O podcast já ocupou o 1º lugar dos rankings brasileiros de Spotify e Apple e, em 24 de novembro de 2022, 110 dias após o lançamento, superou a marca de 1 milhão de downloads.
A história explica o Brasil de hoje
O projeto querino mostra como a história explica o Brasil de hoje. Uma história que, talvez, você ainda não tenha ouvido, lido ou visto.
Trata-se de um olhar afrocentrado que posiciona em seus devidos lugares, para a formação do Brasil, tanto a contribuição afro-brasileira quanto a ganância desenfreada dos escravizados: o país que mais importou escravizados no mundo também foi o último das Américas a abolir a escravidão.
“A ideia é refletir sobre como a escravidão formou o Brasil […]”, destaca o idealizador do projeto, Tiago Rogero. As pessoas negras estão no centro da narrativa e não mais às margens da história.
Com uma edição mega caprichada, roteiro bem amarrado e pesquisa rigorosa, o Projeto Querino se firma como um material indispensável para lembrar um passado que o país tenta esquecer. Como cantou a Mangueira no Carnaval de 2019, “é a história que a história não conta, são versos que o livro apagou”.
“Foi a exploração do conhecimento e do trabalho, primeiro dos indígenas, e depois dos africanos e dos seus descendentes, que gerou toda a riqueza da colônia, e depois do país“, comenta a obra já no primeiro episódio.
“Quando o Brasil ficou independente de Portugal, em 1822, já tinha muito país, nações europeias, por exemplo, que já tinham lucrado bastante, tanto com a escravidão quanto com o tráfico, que estavam discutindo e até aplicando o fim do comércio negreiro ou a abolição“.
Confira todos os detalhes em projeto querino.